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Capas Antigas da Revista LODO |
O telefone tocou pela manhã:
Urbano Medeiros.
- Lopes e Linhares Detetives
Associados.
- Bom dia, Linhares. Aqui
quem fala é o seu amigo Urbano Medeiros.
Grande amigo, diga-se de
passagem. Um dos maiores e mais honestos jornalistas que já conheci em minha
vida. Uma pessoa de índole intocável e um ser humano fabuloso, pois, se tem uma
coisa que me tira do sério são esses jornalistas de porta de celebridade, esses
merdinhas que passam a semana pensando em algum tipo de pergunta idiota pra se
fazer pruma pessoa idiota, e publicar as maiores ignomínias e mentiras sobre
nós, patéticos seres humanos, donos dos fatos cotidianescos que enchem páginas
de jornais. Posso afirmar, sem nenhum remorso, devido à proporção de pessoas
boas nesses ramos ser baixíssima, que uma das minhas maiores decepções com Deus
é a d’Ele ter enchido o mundo com advogados, jornalistas e publicitários, nessa
ordem, respectivamente. E isso não é Estética da Gracinha. Talvez, o Diabo
goste. Pode ser.
- Grande Urbano, o que me conta?
Precisando de uns servicinhos extras?
- Olha, por incrível que
pareça, estou ligando pra te convidar prum fato incomum.
- Um enterro de anão, talvez?
estética da gracinha
- Não.
Disse rindo com o canto da
boca, como se tivesse achado o meu comentário esdrúxulo.
– Na verdade, marquei uma
reunião com alguns amigos no Lucca Cafés do Soho. Dei uma limpa nos armários lá
de casa e gostaria de devolver algumas coisinhas que fui emprestando pelo
decorrer da minha vida.
- Genial. Mas, você tem
alguma coisa que é minha? Eu mesmo já não tenho quase nada.
- Pois é, Linhares, eu não
tenho nada seu, mas eu te liguei pra ter você na mesa com os amigos de
antigamente, rever as pessoas do passado, contar umas estórias engraçadas,
enfim, pra sairmos um pouco da penumbra da vida real. Porra, somos amigos!
- Claro, Urbs. Estou
lisonjeado com o convite e aparecerei sem dúvidas. Quando é?
- Domingo, no Lucca do Soho,
às 16 hs.
- Fechado, meu querido.
- Grande abraço.
- Abraço.
E desligamos.
Domingo, às 17 hs, cheguei no
tal café do Soho. Um dia de sol dos infernos. O calor estava insuportável.
Curitiba tem dessas, num dia temporais tsunâmicos e todos viramos sapos, e no
outro um sol de amolecer asfalto e viramos pasta de amendoim. A preguiça se
torna lugar comum e todos rumam para os cafés e parques da cidade para fazer
nada e beber e paquerar e, como eu, encontrar velhos amigos.
Fui a pé. Passei no
escritório para ajeitar umas coisas da semana que vem e rumei para o Soho. O
escritório não fica muito longe desse bairro e achei melhor caminhar e dar uma
desenferrujada. É um bairro bonito, com uma grande quantidade de árvores
frondosas que formam belos corredores verdes nas ruas. De ruas estreitas e
antigas, foi o bairro das célebres famílias da cidade, de políticos, empresários,
gente importante. Estou falando dos milionários, dos caras que mandam no
negócio. Esse bairro foi construído com estes alicerces: o de ser o “nosso
lar”. Tenho certeza que sim.
Trinta minutos de caminhada
em linha reta pela Comendador Araújo – que é uma das ruas mais charmosas da
cidade, com suas casas antigas e seus passeios de petit-pavé formando grandes pinheiros no chão e seus postes de
luzes amarelas, que de dia ficam desligados, mas à noite dão um charme
incomparável ao lugar, e quem passa por ali depois das oito da noite sem dúvida
nenhuma sente uma certa nostalgia ou até mesmo pode se confundir de estar
andando em alguma boulevard francesa
– e eu viro à direita e avisto o café que o Medeiros me indicou.
O tal café era bacana. Um
lugarzinho escondido entre alguns pés de café e cheio de pessoas agradáveis;
uma varanda externa com várias mesas de madeira, e muitas pessoas normais
papeando. Olhando assim, já começo a me sentir um peixe fora d’água. Não sou
muito dado a essas aglomerações. Muito blá blá blá e pouca conversa, se é que
você me entende, mas entrei e comecei a procurar pelos amigos de outras datas.
O café é muito maior por dentro do que parece por fora: dois andares e três
mezzaninos que o recortam por dentro, com um vão central e uma escada que
conecta todos os andares. Logo na entrada o bar à direita e algumas mesas à
esquerda. Um mezzanino para a direita e para a esquerda e para baixo um andar
abaixo da terra
muito
interessante
com máquina de torrar café e alguns
expositores com cafés de diversos lugares do mundo
muito
interessante, mesmo!
que depois eu ia me ocupar porque tenho
as veias cheias desse troço, mas que por enquanto não prendeu minha atenção, pois
estava à procura de Urbano.
bom esse nome parece coisa de cinema
Como não conhecia ninguém fui direto ao
óbvio: comecei por esse piso de baixo procurando pelos convivas. Bingo! Lá
estavam alguns dos convidados que diferente de mim não se atrasaram. Pessoas
ligadas ao cinema, a literatura, ao teatro, e otras cositas más. Gentes de vários ramos da arte, digamos assim.
Pessoal importante, mas do qual eu me desvencilhei havia alguns anos quando e
resolvi ser eu mesmo, ao invés de correr atrás de algo com a qual não me
identificava: coisas de academia.
Urbano Medeiros estava num
canto de papo com o Bernard que hoje tem dois restaurantes maravilhosos na
cidade. Estavam fechando a assessoria de imprensa para o ano corrente e o
seguinte quando eu cheguei acabando com o papo.
- Grande Bernie! Quanto
tempo!
- Linhares, Linhares. Parece
que o tempo passa mais rápido pra você. Você está com uma cara de...
O Bernie falando desse jeito
me fez refletir sobre o porque eu simplesmente parei de conversar com
determinadas pessoas nessa vida
completo idiota
- Mais velho?
Eu disse já interrompendo o
papinho.
- Não é bem isso...
- Mas é isso, Bernie.
Trabalhar com a escória dá nessas coisas.
Cortei a conversinha de
domingo e fui dar atenção ao Urbano.
- Obrigado pelo convite,
Medeiros. Mas como você pode notar algumas pessoas não estão aqui para serem
amigas.
Já saindo de fino. Ele riu
maliciosamente, bom jornalista que é. Já havia sacado tudo.
- Esquece o Bernard. Eu te
chamei aqui porque quero que você me ajude com uma pessoa. Outra coisa, aqui
está aquilo que você me emprestou há uns dez anos, lembra? Muito obrigado.
Achei estranho, pois tenho
certeza de que não há nada meu com o Urbano. Mas pelo tom da conversa sei que
ele está armando alguma. Ele me estendeu um pacote de papel um pouco pesado.
Aceitei de bom grado, bom fingidor que sou. Dei um abraço nele. Ele me convidou
para um café.
- Sim. Vamos pegar um café no
andar de cima.
Claro que não poderíamos
falar em público. A coisa devia ser mais importante do que simples devoluções
de antigamente. Eu já desconfiava de alguma coisa, o Urbano jamais me
convidaria para vir aqui encontrar esse bando de idiotas. Fiquei de olhos
abertos com as pessoas e já saquei qual é a do lugar e a do encontro, mas
deixei o Medeiros falar. Encostamos no balcão e rapidamente nos serviram dois
cafés puros, coados, e da Guatemala. Sensacional! O perfume do café era algo de
sublime. Jamais tinha sentido algo assim com nossos cafés brasileiros. Um aroma
cítrico de flor de laranjeira e uma suavidade de flor no sabor que me fizeram
entender porque eu voltaria a essa casa de cafés pelo resto da minha vida, ao
menos uma vez por dia.
- O negócio é o seguinte. Eu
suspeito de que alguém aqui está a fim de me passar a perna, por isso armei
este esquema de devolução de coisas e te chamei.
- Direto ao ponto, Medeiros.
- Eu tenho algo raro em meu
poder e que um dos convidados quer, mas não sei quem é.
- E eu tenho de identificá-lo
em meio a todos os convidados e quebrá-lo de pau e depois prendê-lo, ou
vice-versa.
- Eu não sei se a pessoa é
homem ou mulher. Portanto, cautela.
- E do que se trata?
- Do primeiro exemplar da
Revista Lodo, que foi editado há uns 30 anos atrás e ninguém mais a viu. O
exemplar que está comigo era de um amigo meu, o Vianinha, você deve lembrar
dele, da época de faculdade. Eu revirei os sebos, a casa dos familiares, liguei
pra todo mundo que conhecia o Vianinha e ninguém soube dar notícias nem donde
ele está, nem do fim das revistas, porque todas sumiram.
- E essa tua revista? Como
você a conseguiu?
- Comprei num leilão pela
internet. Num site de compra e venda de livros, uma espécie de sebo eletrônico,
de um cara do Rio de Janeiro que disse que o pai tinha o exemplar porque
conheceu o Vianinha na época do lançamento da revista, mas daí o pai do cara
faleceu e o moleque acabou vendendo tudo o que o pai tinha e eu dei a sorte de
conseguir o exemplar nesse sebo.
- Ok.
- Mas, de uma certa forma,
ninguém sabe se essa revista está aqui com você ou não?
- Exato. Portanto, quero que
você mantenha os olhos abertos pra qualquer atitude suspeita.
- Esta aqui é uma atitude
suspeita.
- Por isso pedi para que...
Enquanto ele falava, um dos
meninos do bar estava tirando do congelador uma outra raridade, o Maracolate.
Uma torta congelada de maracujá com chocolate que a mãe do irmão do Urbano,
Dona Gleuza, tinha inventado há um tempo atrás, quando ela ainda tinha uma
pousada na praia. Muitas pessoas iam de Curitiba para a praia só pra comer a
tal da torta. Inclusive, a pousada fechou alguns anos depois e todos voltaram
pra Curitiba e abriram um negócio de tortas. O Medeiros foi pra faculdade, que
foi paga com o lucro das tortas, mas, até onde eu sei, o negócio ainda está de
pé e de vento em popa. Além da torta trouxeram junto um monte de pratos e
talheres, os quais ele indicou que eu o ajudasse.
- ...os meninos me trouxessem
a torta agora. E você vai me ajudar com os talheres.
Muito astuto. Tirou a atenção
de todos com essa desculpinha esfarrapada de ir buscar uma torta e me arrastou
com ele. Ele já contava com meu atraso, o que deu tempo de entreter os convivas
por um tempo até ter a oportunidade de ir buscar a torta e, talvez, até
cantarmos um parabéns pra você. Mas, de qualquer forma, fiquei atento aos
sinais que as pessoas estavam me dando. A minha própria presença já é algo que
chama a atenção e todos ali sabiam quem eu era e o que eu fazia. Voltamos para
a reunião. Mas, antes de descermos novamente, tomei o meu Guatemala.
Maravilhoso!
Colocamos a torta sobre a
mesa e a mulher do Urbano, Mary Anne, grande artista plástica e designer da
cidade, com trabalhos expostos em vários países. Uma mulher de um metro e
sessenta, morena, de cabelos escuros e olhos negros, profundos e marcantes.
Muito inteligente e experta se prontificou a nos ajudar a servir a todos, me
liberando, assim, preu usar meus dotes vouyeurs.
Passamos mais algumas horas no
recinto nos acabando com cafés de diversos países e alguns brasileiros, um mais
maravilhoso que o outro, e com o Maracolate, que foi o assunto da tarde. Todos
querendo roubar a receita que o Rafa de bate-pronto já colocava: “Sei apenas
que tem maracujá e chocolate”. É por aí Rafa, nada de dar segredos de mão
beijada pra esses safados. Porque pra mim, agora, todos eram uns safados até
que se provasse o contrário.
O fato é que houve poucos
sinais de interesse ou algo do gênero que envolvesse a tal revista. Captei
poucas coisas nas pessoas, mas algo me chamou a atenção: um rapaz de uns 35
anos, cabelos claros, olhos castanhos, um metro e noventa, levemente gordo (uma
típica pança de cerveja, quero dizer), que a todo momento conversava com as
pessoas sobre histórias em quadrinhos. Não que isso seja motivo para ele ser o
larápio, mas o seu interesse saudosista em falar sempre sobre as revistas do
passado começou a me chamar a atenção. Fui até ele.
- Você que é Harold? O
cineasta que dirigiu “Até que a vida nos separe”?
- Isso mesmo.
Num tom pedante, típico dos
idiotas que se acham os tais porque já fizeram alguma merda no cinema.
- Muito prazer, Linhares.
- Humm...
Esse “humm...” me fez pensar
na cena da minha mão quebrando o seu maxilar em dois lugares, e do seu corpo
caindo sobre o Maracolate depois que eu o chutei sem piedade nas costelas. Mas
eu pensei no Maracolate e desisti.
- Vi você comentando sobre os
gibis...
- Graphic Novels.
A interrupção conceitual
sobre uma porcaria de gibi ser um gibi, ou um HQ ou uma Graphic sei lá o quê,
me fez repensar a cena do Maracolate sendo destroçado por um corpo que cai.
Contive-me.
- Isso mesmo. Eu tenho uns
exemplares que eu gostaria de doar ou vender, ou qualquer coisa que os valham,
porque meu filho...
Essa de filho foi ótima. Já
comecei a fazer a história do meu filho na cabeça, caso precisasse usá-la: 16
anos, mora com a mãe em Paranavaí, gosta de futebol, RPG, quadrinhos, é fã de
heavy metal, não vai à praia, tem uma namorada que é escritora, vai cursar
publicidade – pelo menos é o que ele pensa que vai fazer – e tem, o que é mais
importante, uma mãe chamada Denise. Pra começar seria isso. Depois eu penso
melhor como é essa minha família.
- ...tá indo estudar
publicidade na Alemanha e resolveu dar cabo em algumas coisas dele. E eu me
lembro dele ter comentado que tinha umas velharias guardadas. A Denise, minha
ex-mulher, até comentou comigo se eu não conhecia ninguém que gostaria de dar
uma olhada nesses troços.
O Harold até começou a gostar
um pouco mais de mim depois da história dos gibis.
- Linhares, você disse?
- Isso mesmo.
- Bom, Linhares, eu sou um
profícuo colecionador...
um aproveitador barato
- ...de HQ’s e Graphic
Novels...
um
nerd e um chato
- ...e tenho uma coleção
vastíssima com mais de duas mil revistas nacionais e internacionais...
começou
a sessão “eu pagando pau pra mim mesmo”
- ...e sou o presidente da
SGNB...
uma
sigla muito importante
- ...Sociedade Graphic Novels
Brasileira..
um
agrupamento de caras babacas que conseguem passar um dia inteiro discutindo o
raio do porque o cara fez um traço com a mão esquerda e não com a direita mesmo
sendo destro
- ...e acredito que as
revistas do seu menino possam nos interessar e muito.
- Certo. E você quer que eu
peça pra Denise as enviar pra vocês? Você quer dar uma olhada nas revistas?
- Claro, meu amigo.
Amigo?! Esse cara já estava
passando do ponto. Eu realmente gostaria de dar um sopapo de mão aberta na sua
cara.
- Podemos marcar uma tarde no
nosso escritório e vermos as tais revistas.
- Ok. E quando pode ser?
Eu fiz essa pergunta já
querendo me desvencilhar desse cretino. Eu já estava desconfiando dele, mas
gostaria de dar um tempo na conversa para analisar o seu gestual a partir desse
momento. Acho que ele ia começar a dar sinais de sua própria denúncia.
- Que tal na quarta-feira?
Teremos a reunião mensal da SGNB, e talvez você possa nos levar as revistas
para análise.
- Perfeito! Eu peço as
revistas para a minha ex-mulher e as levo na quarta, então.
- Combinado.
E estendeu a mão com um
sorrisinho pérfido. Agora eu queria muito esmagar a sua cara, mas não fiz isso,
nem apertei sua mão com força, isso poderia estragar o trabalho. Cumprimentei-o
de forma amistosa.
- Aonde fica a Sociedade?
- Rua 13 de maio, esquina com
a Mateus Leme.
- Ah, sei onde é. Fica ao
lado dos teatros não é mesmo?
Às vezes, sinto-me um idiota
querendo parecer um idiota.
- Com certeza.
odeio
pessoas que falam “com certeza”
- Fica aos fundos do sebo. É
só apertar o interfone e dizer que você vai na reunião da Sociedade. Se
precisar, diga que você vai ao meu encontro. Deixarei avisado que você vai
aparecer.
- Combinado, então, Harold.
Quarta-feira às?
- 20:00 hs... em ponto.
E disse isso com sarcasmo,
referindo-se ao meu atraso. Acho que esse cara já estava me observando desde a
minha chegada. Eu estava no caminho certo.
Despedi-me de todos com
acenos. Deixei a sacola que o Urbano tinha me dado ao lado do Maracolate e saí.
Quando já estava do lado de fora ele veio correndo.
- Ei, Linhares, o seu livro!
- Que cabeça a minha, já ia
me esquecendo.
- Eu vi que você ficou um
tempo conversando com o Harold. Ele é meio estranho.
- Mais do que isso, Medeiros.
Ele é o nosso suspeito. Deixei a sacola de propósito sobre a mesa e vi que ele
ficou interessado em seu conteúdo, da mesma forma, que eu sei que você não me
deixaria sair sem ela, por isso veio correndo atrás de mim. E, também, eu
precisava te tirar de lá pra te dizer essas coisas.
- Hehe, muito bem, meu amigo.
Ele me deu um abraço de
despedida e disse em meu ouvido.
- Conversamos pelo telefone do
escritório amanhã de manhã.
Nos olhamos como quem
concorda. Virei as costas e segui o meu caminho Comendador Araújo abaixo. Já
estava de noite. O frio típico de Curitiba já caía sobre meu ombro. Ergui a
gola do capote, finquei a cobertura na cabeça, acendi um cigarro e fui rua
abaixo até o escritório, estava curioso para ver o que o Urbano tinha colocado
em minha sacola.
Caminhei devagar e quarenta
minutos depois estava devidamente instalado no escritório: café, cigarro e
sofá. Puxei a sacola para perto. Um livro grosso de aparentemente 400 páginas.
De capa em tons de azuis e laranjas. Um autor cubano, muito bom, por sinal. Já
havia lido aquele livro, mas poderia lê-lo novamente sem problema algum. Abri o
livro. Para minha surpresa: miolo falso! O Medeiros sabe com quem está lidando.
No miolo falso do livro alguma coisa enrolada em papel tigre, com uma fitinha
azul enrolando-o. Um pequeno pacote. Tirei a fitinha e dentro do pacote estava
o mapa do tesouro: a primeira edição da Revista Lodo. Não me espantou o Urbano
querer que eu ficasse de posse da revista, era uma questão de segurança. O que
mais me surpreendeu foi ele ter armado toda essa novela para me entregar o
pacote e, ao mesmo tempo, achar quem a procurava. Soltei um riso malicioso.
Recostei a cabeça no sofá. Missão de hoje: ler a primeira edição da Revista
Lodo.
(continua)